quinta-feira, 16 de julho de 2009

SONETO 109

Ó, nunca digas que foi falso meu coração,
Embora a ausência assim me fizesse parecer!
Tão leve me desprendo do meu corpo,
Quanto da minha alma, que jaz em teu peito:
Eis o meu lar de amor: se tenho errado,
Como quem viaja, novamente retorno;
Ainda a tempo, mas sem retomá-lo –
Para dar sustento ao meu engano.
Nunca acredites, mesmo que em minha natureza reinem
Todas as fraquezas que assediam qualquer um,
Cuja honra seria grosseiramente manchada,
Desperdiçando tudo que tens de bom;
A nada neste imenso universo me dedico,
Exceto a ti, minha rosa; e, nele, és tudo para mim.

SONETO 110

Ah, é bem verdade, fui a toda parte
E fiz de mim um tolo perante todos,
Gorei os pensamentos, vendi barato o mais caro,
Renovei velhas ofensas às minhas afeições.
Certo é que encarei a verdade
De soslaio e a estranhei; mas, por tudo que foi dito,
Esses erros deram novo alento ao meu coração,
E as piores tentativas provaram que és meu amor.
Agora tudo está feito, tenha o que não tiver fim;
Meu apetite nunca mais eu moerei
Para obter novas provas, para testar um velho amigo,
Um deus do amor a quem sirvo.
Então, receba a mim, dando-me o melhor dos céus,
Mesmo para o teu mais puro e adorado coração.

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