quinta-feira, 16 de julho de 2009

SONETO 115

Estas linhas que escrevi antes mentem,
Mesmo as que dizem que eu não poderia amar-te mais;
Embora meu pensamento não soubesse a razão
Por que meu ardor devesse depois se apagar.
Mas ao reconhecer o Tempo, cujos milhões de acidentes
Penetram entre os juramentos e alteram decretos de reis,
Tingem a sagrada beleza, turvam as mais claras intenções,
Desviam as mentes fortes para o curso das coisas mutáveis –
Ah, por que, ao temer a tirania do Tempo,
Não deveria eu dizer, “Agora eu te amo mais”,
Quando a certeza vence a incerteza,
Coroando o presente, duvidando de tudo o mais?
O amor é como um bebê; então, não posso dizê-lo,
E dar plena altura àquilo que ainda está a crescer.

SONETO 116

Não há empecilhos quando mentes
Verdadeiras se afeiçoam. O amor inexiste
Quando se altera por qualquer motivo,
Ou se curva sob o ímpeto apressado:
Ah, não! É um olho inabalável,
A mirar as tempestades sem se alterar;
É a estrela-guia de todo barco à deriva,
Cujo valor se desconhece, embora alta viva sobre o mar.
O amor não serve ao Tempo, embora as róseas faces e lábios
Cedam ao arco de sua longa foice;
O amor não se altera com suas breves horas e dias,
Mas sustenta-se firme até o fim das eras.
Se tudo que eu disse se provar um engano,
Jamais escrevi, nem amou qualquer humano.

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