quinta-feira, 16 de julho de 2009

SONETO 131

És tão tirana quanto todas aquelas,
Cuja beleza orgulhosa as torna tão cruéis;
Pois bem sabes, para meu pobre coração,
És a joia mais cara e mais preciosa.
Embora digam, ao ver-te,
Que teu rosto não faça o amor suspirar.
Não ouso dizer que estejam errados,
Embora jure apenas para mim;
E, para ter certeza de não ser falso, eu juro
Mil suspiros, mas pensando em tua face;
Todos sabem que, se trocasses de rosto,
Eu continuaria a julgar-te bela.
Em nada és negra, exceto em teus atos,
Por isso penso proceder esta calúnia.

SONETO 132

Teus olhos, que amo, sentem pena de mim,
Sabendo que teu coração me atormenta com o desdém,
Vestiram-se de preto, e enlutaram-se amorosos,
Assistindo à minha dor com compaixão;
E, em verdade, o sol da manhã não se assenta
Sobre as pálidas faces do nascente,
Nem a estrela brilhante que precede a noite
Glorifica tanto o solene poente,
Quanto os olhos enlutados te ficam bem.
Ah, deixa que assim pareça ao teu coração
Prantear por mim, pelo luto te fazer bem,
E da mesma forma a tua compaixão.
Então, jurarei que a beleza é negra,
E avesso o rosto que não se assemelhe ao teu.

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