quinta-feira, 16 de julho de 2009

SONETO 133

Maldito o coração que faz o meu gemer
Pela profunda ferida que causa a mim e ao meu irmão!
Não bastasse torturar a mim somente,
Mas ainda escraviza meu terno amigo?
Arrancaste-me de mim com teu olhar cruel,
E a meu semelhante desprezaste mais ainda.
Por ele, por mim, e por ti, fui abandonado –
Um tormento triplo a ser suportado.
Prende meu coração em teu peito de aço,
Mas o coração do meu amigo liberta o meu;
Quem me guardar, deixa meu coração guardá-lo;
Não podes ser tão severa ao aprisionar-me.
E mesmo assim o fazes; porque, sendo teu,
Dou-me a ti, e tudo que tenho em mim.

SONETO 134

Assim, agora confesso que ele é teu,
E estou empenhado à tua vontade,
Mentirei, para que, por outro lado,
Me devolvas o direito de me consolares.
Mas não o farás, nem ele não será livre,
Por seres ávida e, ele, gentil.
Aprendeu, com certeza, a subjugar-se
Àquilo a que apressadamente se submete.
Tomarás as regras de tua beleza,
A usurária que tudo desperdiça,
E aciona o amigo que se endividou por mim;
Perco-o graças ao meu grosseiro abuso.
A ele, perdi; e tu perdeste a ele e a mim;
Ele paga tudo, mas não me livro, mesmo assim.

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