segunda-feira, 13 de julho de 2009

SONETO 137

Tu, cego e tolo Amor, que fazes aos meus olhos,
Que não veem o que está diante deles?
Eles conhecem a beleza, e sabem onde ela jaz,
Embora o bem nos custe tão caro.
Se os olhos, corrompidos pela parcialidade,
Ancorassem na baía onde todos trafegam,
Por que da falsidade de teus olhos forjaste ganchos,
Para prender a eles o que julga o meu coração?
Por que deve meu coração prever este ardil,
Sabendo ser o lugar-comum deste grande mundo?
Ou meus olhos, ao verem, digam, não é verdade,
Para emprestá-la a uma face tão vil?
No que era certo, erraram meus olhos e meu coração,
E agora a esta falsa praga se entregam.

SONETO 138

Quando minha amada jura ser verdadeira,
Eu a creio, embora saiba que ela mente;
E pense ser eu um jovem inconsequente,
Desconhecendo as falsas nuanças deste mundo.
Assim, em vão, pensando que ela me julgue novo,
Sabendo que meus melhores dias já se foram,
Simplesmente acredito em sua torpe língua;
Em ambos os lados, a mera verdade é suprimida,
Mas, quando ela não diz ser injusta?
E quando eu não digo que sou velho?
Ah, o maior dom do amor é parecer sério,
E, no amor, a idade não quer ser dita:
Assim, minto com ela, e ela comigo,
E mentindo, em nossos erros, nos deleitamos.

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