segunda-feira, 13 de julho de 2009

SONETO 139

Ó, não me chames para justificar os erros
Que tua grosseria derrama sobre meu coração;
Não me firas com teu olhar, mas com tua língua;
Usa a força contra mim, e não me mates por capricho;
Dize que amas a outro, mas sob a minha vista,
Querida, evita olhar para o outro lado;
Para que ferir-me com destreza quando usas
Mais força do que eu para me defender?
Deixa-me desculpar-te: “Ah, meu amor sabe bem
Que sua beleza tem sido minha inimiga,
E, portanto, afasta de mim meus inimigos,
Para que de longe lancem suas injúrias”.
Porém, não faças isso; por estar quase morto,
Mata-me agora com teu olhar, e livra-me da dor.

SONETO 140

Sê tão sábia quanto és cruel; não pressiones
Minha contida paciência com muito desdém,
A menos que o pesar me dê palavras, e estas
Expressem como me sinto diante da minha dor.
Se eu pudesse te ensinar a ter mais juízo, melhor seria,
Embora não a amar, mesmo que o amor me diga isso;
Os enfermos, quando a morte se aproxima,
Só esperam que os médicos os salvem.
Se eu me desesperasse, enlouqueceria,
E em minha loucura, posso falar mal de ti.
Este mundo tornou-se tão doente e distorcido,
Que loucos ouvidos aceitam loucas calúnias.
Que eu não me deixe levar, nem sejas difamada;
Mantém os olhos firmes, mesmo orgulhosa de coração.

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