segunda-feira, 13 de julho de 2009

SONETO 151

O amor é muito jovem para ter consciência:
Embora quem desconheça que esta nasça do amor?
Então, gentil mentiroso, não me apresses,
Minha culpa decresce quão mais doce teu ser for.
Pois, se me traíres, trairei
A parte mais nobre do meu corpo –
Minha alma diz que ele
Triunfará no amor; a carne prescinde da razão;
Mas, elevando-me ao teu nome, te transformo
Em seu prêmio mais dileto. Orgulhoso disso,
Contenta-se em carregar seu pobre fardo,
Impor-se aos teus casos, tombar ao teu lado.
Prescindo de consciência para chamá-la
De amor – amor por que me ergo e tombo.

SONETO 152

Ao amar-te sabes que sou falso;
Mas mentes em dobro ao dizer que me amas;
Quebraste os votos nupciais e tua nova crença,
Ao jurar novo ódio após um novo amor.
Mas por que de duas quebras de juras te acuso,
Quando quebro vinte? Sou mais perjuro,
Por fazer juras para enganar-te,
E toda fé sincera perco em ti;
Pois jurei mil vezes tua brandura,
Jurei teu amor, tua verdade, tua constância,
E, para iluminar-te, fiz os cegos verem,
Ou fiz jurarem contra o que viam.
Pois jurei seres bela – olhos mais perjuros –
Jurando uma inverdade tão grande quanto a mentira.

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