sexta-feira, 17 de julho de 2009

SONETO 51

Assim pode meu amor desculpar a velada ofensa
De minha torpe montaria quando de ti me afasto:
Por que eu deveria fugir de onde estás?
Até retornar, não preciso te escrever.
Ó que desculpa dará meu pobre animal,
Quando a galope parecerá se demorar?
Então, eu deveria cavalgar o vento –
A velocidade alada é desconhecida para mim.
Assim, nenhum cavalo acompanhará meu desejo;
Portanto, o desejo, do amor que se faz perfeito,
Negará todo o corpo em sua célere carreira;
Mas o amor, pelo amor, desculpará meu alazão:
Pois, ao me afastar de ti, trotou lentamente,
Correrei para ti, e a ele deixarei partir.

SONETO 52

Serei como o rico, cuja abençoada chave
Conduz ao seu doce e bem guardado tesouro,
Que nem sempre vem admirar
Para não perder o prazer de vê-lo.
Por isso, as festas são tão solenes e raras –
Esparsamente marcadas ao longo do ano,
Como pedras valiosas, delicadamente dispostas,
Ou suntuosas joias incrustadas na tiara.
Assim é o tempo que a mantém junto ao meu peito,
Ou como o guarda-roupa que esconde o vestido,
Para transformar o instante em mais especial ainda
Ao desfolhar novamente seu orgulho aprisionado.
Abençoada sejas, cujo valor ressalta,
Ao ter-te, o triunfo; ao perder-te, a esperança.

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