sexta-feira, 17 de julho de 2009

SONETO 59

Se não há novidade, senão a que havia
Antes, como se conformará nosso cérebro,
Que, ocupado em inventar, suporta
O segundo fardo de um primeiro filho!
Ó esse fato poderia, com olhar antigo,
Mesmo passados quinhentos dias,
Mostrar-me tua imagem em um velho livro,
Uma vez que a mente já conheça seu caráter!
Que eu possa ver o que o velho mundo diria
Diante da maviosa conformação de teu rosto –
Sejamos alterados, ou sejamos melhorados,
Ou mesmo que a revolução nada altere.
Ó certamente sou a sabedoria do passado,
Que homens piores cobriram de excedidos elogios.

SONETO 60

Como as ondas se arremessam contra as pedras,
Aproximam-se os minutos de seu fim;
Cada um ocupando o mesmo espaço,
Num incansável e destemido movimento.
Do nascimento, após vir à luz,
Engatinhamos até a maturidade, e somos coroados,
Vencendo estranhos eclipses perante sua glória,
E o Tempo, dado, que hoje nos lega seu presente.
Os dias firmam seu passo na juventude,
E cavam suas sendas sobre a fronte da beleza;
Alimentam-se da raridade da verdade da natureza,
Mas nada impede o firme corte de sua foice.
Porém, às vezes, espero que meu verso prevaleça,
Elevando teu valor, apesar de seu cruel desmando.

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