quinta-feira, 16 de julho de 2009

SONETO 79

Ao pedir para mim o teu auxílio,
Meu verso recebia sozinho toda a tua graça;
Mas agora perco o ritmo das palavras,
E minha frágil Musa muda de lugar.
Te dou, amor, teu adorável pretexto
De merecer o suor de uma pena mais valiosa,
Embora de ti teu poeta invente,
Ele rouba de ti, e a ti novamente paga.
Ele te dá a virtude, e subtraiu esta palavra
De teus atos; ele te dá a beleza
Ao vê-la em teu rosto; ele não pode
Elogiar-te senão naquilo que já existe em ti.
Então, não lhe agradeças pelo que ele te diz,
Pois o que ele te deve é o mesmo que lhe pagas.

SONETO 80

Ó, como enfraqueço ao escrever sobre ti,
Sabendo que um espírito melhor usa teu nome,
E do elogio emprega toda a força
Para fazer-me calar, ao falar de tua fama.
Mas como teu valor, vasto como o oceano,
Humilde como a vela mais valente,
Meu latido, muito inferior ao dele,
Emerge sobre as tuas correntezas.
Teu menor auxílio me manterá emerso,
Enquanto ele cavalga tuas silentes profundezas;
Ou, náufrago, sou um barco inútil,
Ele, forte, alto e orgulhoso.
Então, se ele sobreviver e eu for dispensado,
Eis o pior: meu amor selou minha ruína.

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