quinta-feira, 16 de julho de 2009

SONETO 91

A uns, o berço dá a glória, a outros, o talento,
A uns, a riqueza, a outros, a força,
A uns, as vestes, mesmo espaventosas,
A uns, suas águias e cães, a outros, seus cavalos,
E todo humor provê o seu próprio prazer,
Vendo alegria acima de tudo o mais;
Mas essas questões de nada me servem;
Supero tudo isso com um único trunfo.
Teu amor é mais que um berço de ouro,
Mais rico que a riqueza, mais caro do que roupas,
Mais prazeroso que águias e cavalos;
E tendo a ti, desdenho de todo o humano orgulho –
Apenas triste por um motivo: que possas privar-me
De tudo, tornando-me o mais infeliz.

SONETO 92

Embora simules a tua pior faceta,
O fim de tua vida assegurou o meu;
E não haverá vida além do teu bem-querer,
Por este depender apenas de teu amor.
Assim não preciso temer o maior dos males,
Quando o menor deles puser fim à minha vida.
Vejo que me cabe uma condição ainda melhor
Do que a de depender do teu humor.
Não podes humilhar-me com tua inconstância,
Pois minha vida jaz em tua revolta.
Ó, que felicidade encontro,
Feliz por teu amor, feliz por enfim morrer!
Mas o que é tão abençoado que não tema a mácula?
Poderás ser falsa e, mesmo assim, a tudo ignoro.

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